O meu lugar na janela.
Em uma tarde quente de um
sábado, foi escolhido para a sessão de
autógrafos do novo livro de Martha Medeiros,
“Um lugar na janela -Relatos de viagem”, na 58° Feira do Livro de Porto
Alegre. Não era espantoso ver aquela fila que parecia não ter fim e que a cada
minuto aumentava mais. Perguntei a uma senhora que estava na fila, logo atrás
de mim: “ A senhora está aqui por causa do livro ou pra ver a Martha?”. Ela
disse: “Para ver a Martha Medeiros, que é top! O livro é consequência”. Ela me
fez a mesma pergunta: “E você? Se vieste de longe, com certeza não foi só para
comprar livros. É claro que veio ver a grande diva gaúcha também”.
O que ela falou me fez
refletir, e enquanto aquelas 1h e 40 min na fila, esperando para estar perto
dela, não terminavam, eu pensava no que eu poderia perguntar a ela. Pensei que
talvez devesse apenas elogiá-la ou, ainda,
ficar calada. Quem sabe dizer apenas: “obrigada!”.
Por mais que o sol daquela tarde estivesse escaldante, tudo compensava
na Feira: os livros, as apresentações musicais, as exposições, as pessoas. Cada
minuto naquela praça fazia valer a pena o esforço para estar ali.
Quando finalmente chegou a minha vez, entreguei o livro a ela. Ela escreveu
o que talvez seja de praxe para qualquer autor escrever: “um beijo carinhoso e etc.”. Para mim, foi a
coisa mais linda que alguém pode ter me escrito. Disse a ela: “Posso te fazer uma
pergunta?” . Ela gentilmente respondeu: “Deve... Ninguém pode ficar com
dúvidas!”. Prontamente questionei: “Qual a
importância da feira pra você? ”Ela olhou para o horizonte, pensou um
pouco e respondeu: “Acho que autografar os livros e ver as pessoas de perto é
como um ritual. Nada do que eu faço teria a importância e a plenitude que tem
se eu não tivesse que fazer exatamente isso, sempre que lanço um livro”.
Agradeci , feliz da vida como todo fã
perto de seu ídolo - e concluí nosso encontro com a frase que provavelmente
Martha Medeiros mais escuta na vida: “Sou sua fã e tudo que você escreve passa
verdade”.
Fui embora muito feliz, satisfeita com o que vi e com o pedacinho de
Martha que trouxe para casa. “Um lugar na janela” é fruto do bendito encontro,
e dele espero aquilo que a escritora sempre me trouxe: ensinamentos sobre a
vida e sobre o dom da escrita.